com o rei na barriga...
Cheguei com o Pedro a Lisboa.
Enviei uma mensagem ao meu pai a dizer que tinha chegado bem.
Recebi a resposta:
- Não precisas de vir já. A Alice está a dormir e o Vasco aguenta mais um tempo. Aproveita.
Lembrei-me que o meu pai lê o blog. E por isso sabe de tudo.
Deixei o Pedro em casa. E fiquei por lá mais uma hora.
À despedida apeteceu-me começar aos gritos...
- Arranquem-me o coração mas não me tirem o homem...
Deixei-me de coisas. E rumei até ao Estoril.
Estava a estacionar o carro ao cimo da rua. Já ouvia um cão. A ladrar. A fazer barulho. A descabelar-se.
A perturbar o sossego de uma rua pacata e familiar.
- Arranquem-me o coração mas deixem-me ir ter com a Joana!
Mal dei conta tinha o cão ao colo. Com coração e tudo. Ele e eu.
O meu pai abraçou-me e disse-me ao ouvido.
- Estou muito feliz por ti.
Com o fogo de artificio todo. A Alice acordou.
À euforia do cão. Juntou-se a euforia da Alice.
Dei o almoço à Alice.
Almocei lá em casa dos meus pais.
E depois.
Peguei nos dois. E chegamos a casa.
Um dia lindo. Um céu maravilhoso. Está calor.
Abri todas as janelas. Para a luz entrar.
Sentei a Alice na cadeirinha da cozinha.
Está tão feliz. E tão acordada. Parece-me que hoje não há sesta para ninguém.
De repente, entrou pela varanda um abelhão. Daqueles que faz um senhor zumbido.
O Vasco ficou deslumbrado.
Se fosse uma aranha tinha cortado os seus pulsos peludos.
Como é um abelhão. Ficou ainda mais eufórico.
A Alice olhou para o abelhão. Ouviu o zumbido. Deve ter achado que era um desenho animado.
A abelha Maia na cozinha.
Apontava para o abelhão enquanto se ria. Batia palmas. E quase deitou a cadeira abaixo.
- Viva o abelhão! E todos os abelhões do mundo.
O Vasco voou de uma ponta da cozinha à outra.
E numa ginástica só vista em Cristiano Ronaldo.
Abriu a boca.
Atirou-se.
E almoçou o abelhão.
Tenho a certeza que ouvi o abelhão e o seu zumbido.
Goela abaixo.
Mesmo antes de mergulhar no suco gástrico do estômago do cão.
Se aquele estômago consegue digerir aros de soutiens. Um abelhão é um passeio no parque. Ou no estômago!
A Alice bem olhou para ver se via o abelhão. Ria-se tanto. Tive medo que deixasse de respirar.
Vasco, é um comedor profissional. Leva muito a sério o seu ofício.
Uma vez engolido nada mais será aparecido.
A gata olhou para nós com um ar de virgem ofendida.
E eu.
Ainda me dói o corpo todo. Tal foi o contorcionamento. Provocado pelo riso.
Aqui em casa. Os dias são muito leves. Como algodão.
Às vezes juntamos-lhe açúcar. Mais do que a conta. Não fica enjoativo. Mas....
.....descompensamos. Todos juntos. Assim, um bocadinho...
O Pedro está a chegar. Para se juntar à fábrica de algodão doce.
Logo hoje.
Que o cão está com o rei na barriga.