convidou-me para um café. Só que...
Não sei se conhecem...
...a praia do Magoito em Sintra.
Adoro. É uma das praias da minha vida.
É a minha praia de Inverno.
Quando tinha namorado era rara a semana que não passávamos por lá.
Exceto no verão que tinha e tem demasiada humanidade...
Deixei de ter namorado. Mas passei a ter o Vasco.
Continuei a visitar a praia.
Não de forma tão frequente.
Mas ainda assim, muitas vezes.
Para chegarmos à praia podemos ir por um passadiço de madeira.
Escorregadio quando chove. Que faz as delícias do Vasco.
As patas derrapam e ele gosta. Cada maluco com a sua mania.
Se estivessem pessoas na praia não o faria mas como no inverno só lá aparecem dois ou três gatos pingados, costumo soltar o Vasco.
Adora.
Corre que nem um doido.
Uma alegria só vista...e que deve mesmo ser vista. E apreciada.
Hoje. Esteve um dia miserável.
Mesmo miserável.
De manhã choveu que se fartou.
Nem deu para sair com a Alice um bocadinho.
Ficámos aqui à porta a ver o Vasco fazer xixi e cocó.
Saí da entrada do prédio #rumoàapanhadecocós.
E toca de entrar em casa.
Pensei em fazer o mesmo à tarde.
Mas...
A minha religião não me permite. Ficar um dia fechada em casa.
E depois de ter estado a tricotar e a ver televisão. Enquanto a Alice dormia a sesta.
Comecei a magicar onde poderia ir quando ela acordasse.
Magoito. Pois, claro!
Peguei na Alice. Peguei no cão. E aí fomos nós.
Estacionei o carro.
Saímos. Os três.
Alice no carrinho.
Passadiço de madeira.
Vasco louco de alegria.
Corria. Saía do passadiço.
Entrava no passadiço.
Saía do passadiço. E aparecia com um pau na boca.
Escorregava no passadiço.
Ficava feliz por ter escorregado no passadiço.
Ladrava de felicidade.
Enfim, Vasco no seu melhor.
Chegamos à praia.
O Vasco. O espaçoso. A praia era dele.
Corria. Saltava. ladrava.
Bebia água do mar. Não sei porquê mas adora beber água do mar...
Eu com a Alice ao colo. A assistirmos a este espetáculo.
"Vasquito vai à praia"
A Alice ria que nem uma perdida. Apontava. Atirava beijinhos. E dizia adeus.
Em resumo. Todas as graças que já sabe fazer.
Dez minutos passados. E apareceu um senhor na praia com um cão.
Também solto.
- Aquele cão é seu?
- Sim, é.
Como o Vasco estava num dia de exuberância extrema achei que me ia pedir para o prender. Mas não..
- Gosto imenso de vir para aqui com a Tekas (a cadela). Faz-lhe bem andar livremente.
Quando percebi que era uma cadela. Tive medo.
E se ele profana a cadela? OMG!
Não...
O Vasco nem olhou para a cadela.
O Vasco não sabe que é um cão...está-se nas tintas para os da espécie dele.
Os olhos do Vasco concentraram-se num e num só alvo.
O dono da Tekas.
Devia ser mais ou menos da minha idade.
Tinha muito bom aspeto.
Era simpático.
Convidou-me para um café. Que não aconteceu.
Chamava-se Duarte.
Chamava-se e chama-se. O Vasco não o matou.
Só lhe vomitou os sapatos.