Elias. Continua a assustar....
O Pedro saiu às 16h do hospital.
Tínhamos combinado.
Passar por Carcavelos.
A cozinha está a avançar a olhos vistos e queria que ele visse.
Almocei.
Passei por casa dos meus pais.
Para resgatar a Alice.
Estava a dormir a sesta.
Fiquei à conversa com os meus pais à espera que bela adormecida acordasse.
Rumámos até Carcavelos.
Fomos dar um passeio à praia.
Cuidado com o sol!
A Alice adora praia.
Areia.
E tudo o que tenha a ver com ficar suja dos pés à cabeça.
Recebi uma mensagem do Pedro a dizer que estava à porta do prédio e fomos andando para casa.
Não foi fácil.
Pequena Alice.
Virou fera.
- Não quero ir. Não quero ir. Não quero ir.
Até me doeu o coração. Mas.....
....tinha de ser.
O Pedro já tinha subido.
Diz que esteve cá em baixo à minha espera e desistiu.
Isto de convencer pequena Alice a abandonar o bem bom demora....muito tempo.
As portas de casa estavam abertas.
É normal quando há obras.
Um entra e sai de gente.
É mais fácil estar a porta aberta do que estar a abrir e a fechar a porta todos os minutos.
Não são eles que ouvem as queixas do Senhor Ludovino.
Sobre o barulho.
E sobre o prédio imundo.
Barulho, ainda percebo.
Imundice...é exagero. Os senhores limpam as escadas todos os dias.
Entro com a Alice.
Ainda chorosa.
E encontro o Pedro a assistir um dos senhores das obras.
O senhor estava muito pálido.
Parecia desmaiado.
Ao que parece já tinha estado pior. Quando eu entrei já estava a recuperar.
- O que é que se passa, senhor Artur?
- Lembra-se de terça feira me ter entregue aquela caixa para pôr na arrecadação?
- Lembro, claro!
- Lembra-se do que me disse?
- Acho que sim. Disse: "Por favor pode levar esta caixa lá para cima para a arrecadação, é a primeira porta à direita.
- Pois e acrescentou mais alguma coisa....
- Sim, disse que eram os ossos do meu namorado.
- Pois, foi. Já viu, está um homem na sua vida a trabalhar. Entra aqui este senhor e diz:
- Olá, boa tarde...sou o namorado da Joana.
Eu disse-lhe que eram ossos. Disse.
Tive medo que o senhor abrisse a caixa e quando se deparasse com fémures e cenas, caísse das escadas abaixo.
E disse que eram do meu namorado.
Tive medo que o senhor abrisse a caixa e achasse que eu coleciono ossos.
Atirei as culpas para o Pedro, claro!
Ele achou que eram, ossos. De um namorado.
Ou seja. Eu. Não queria passar por alguém que guarda ossos.
E afinal passei pela louca que guarda o que sobrou do falecido......dentro de uma caixa......
Credo, até me arrepiei. Ao mesmo tempo que chorava a rir.
Acompanhada pelo Pedro e pelo senhor Artur.
Completamente recuperado. Do susto.
Juro....
......pela minha saúde...
..ainda me doi a barriga de tanto rir...