nem pela melhor vista de mar...
É vaidosa.
Não sai de casa sem ter o cabelo arranjado.
Lacinhos. Ganchinhos. Fitinhas. Uma trancinha. Tudo a que uma Alice tem direito.
Logo a seguir ao pequeno almoço. Pai ou mãe são convidados a tratar-lhe do penteado.
E precisa ver-se ao espelho. E gostar do que vê.
Espalha os brinquedos todos pela casa.
A minha sala. Já não é a minha sala. É a sala da Alice. E eu não me importo nada com isso...
Corre atrás do cão, casa fora, para reaver os brinquedos roubados.
Passam horas nisto.
O Vasco é o responsável principal pelo desenvolvimento motor da Alice.
Não estou a brincar, é mesmo verdade!
É muito persistente. Sempre foi.
Quer porque quer conseguir calçar os sapatos.
Provavelmente por temer mais episódios iguais a este.
Ainda não consegue.
Durante um dia se um dos sapatos lhe salta do pé.
Bem tenta por todos os meios voltar a calça-lo. Nunca desiste.
Eu tenho de lhe pedir para lhos calçar...
Tenho de a convencer...e pedir muito. Ela lá me faz o jeito e o especial favor de deixar...
Rosa é a cor. Sempre foi. E não se fala mais nisso.
Diz não. Não. Não. E não.
E se for preciso. Exemplifica com gestos.
Quando algo lhe corre mal. Faz um trejeito com o nariz. E ri-se.
Quando está feliz da vida. Ri-se. E guincha. Muito alto. Ouve-se no Brasil...
Gosta de colo. Assim a assim.
Gosta de se aninhar quando lhe contamos uma história.
Ou quando está podre de sono.
Mas prefere andar com as suas próprias pernas. Adora explorar o mundo.
Gosta de ir à praia.
Mas tem medo do mar.
Põe o pé. Vem a onda. Tira o pé.
Vai a onda. Põe o pé. Vem a onda. Tira o pé...e andamos nisto.
Gosta muito de brincar ao não me toca.
Uma brincadeira muito parva. Inventada por mim, claro!
Música. Dançamos essa música. A Alice ao meu colo.
Outra música. Dançamos essa música. A Alice no chão mas a dar-me os braços.
Quando aparece o "Não me toca" do Anselmo Ralph, a Alice tem de dançar sozinha sem tocar em nada, nem em ninguém.
Eu também não posso tocar em nada nem em ninguém.
Quando o cão entra em ação e acha que nos tem de tocar.
Finjo que estou a fugir do Vasco e a miúda ri-se tanto, tanto...até cair para o lado.
Adora.
Quando o pai está em casa convida-o para se juntar. Foi assim que eu vi o meu marido dançar pela primeira vez...
Num dos Domingos que almoçamos em casa dos pais do Pedro saímos para beber café e dar uma volta.
O café tinha música de fundo e começou de repente o "não me toca".
A Alice pediu para sair do colo do avô.
E começou a dançar no meio do café.
Ai de quem se aproximasse...não me toca, não me toca. Isto é uma brincadeira séria! Para levar a sério...
Com este envolvimento todo. Com mil Alices!
Ganha sempre.
Dorme a noite toda. Sempre dormiu.
Tirando uma ou outra exceção que se contam pelos dedos de uma mão.
Acorda cedo. Graças a Deus. E sorridente...
Precisa muito de dormir. A sesta da manhã e a sesta da tarde fazem toda a diferença.
À noite é fácil de adormecer. Durante a manhã e durante a tarde começa a armar-se em fresca. Muito mundo para descobrir.
O Vasco deita-se no tapete perto da cama dela e eu digo-lhe:
- O Vasco é pequenino também vai dormir...
E ela lá se convence por enquanto. Para a semana é capaz de já não resultar.
Não são muitas as noites que o Pedro faz noite. Ainda bem! Porque não consigo dormir nada de jeito...
A Alice sente a falta, também.
Desde que chega a casa, até jantar. Passa a vida no hall de entrada à espera dele.
E quando a estou a adormecer, bem olha para a porta do quarto para ver se o vê entrar.
De manhã quando ele chegue, faz a festa. Nesses dias vai mais tarde para os meus pais para poder ver o pai.
No Alentejo, fazia-me todos os dias ir à varanda para ver o burrinho Onofre.
Quando chegámos a Carcavelos, pediu-me para ir ao terraço.
Mostrei-lhe a vista.
Uma vista magnifica para o mar.
A Alice ficou triste. E choramingou.. não viu o burrinho.
Aos olhos de uma criança...
...um amigo é muito mais importante que tudo o resto....
......um amigo não tem preço.
Um amigo não se troca por nada. Nem pela melhor vista de mar...
A minha tentativa de comprar algo na Noruega!