o pressentimento...
Acordei cedo, antes do meu despertador canino tocar.
Eram 5h da manhã mais coisa menos coisa.
Não tenho insónias, nunca tive. Durmo bem, sempre dormi. Sou apenas e só uma pessoa que dorme pouco.
5 horas para mim são mais do que suficientes.
Saí da cama e subi até ao terraço.
O meu despertador canino acompanhou-me.
Passados uns 5 minutos sinto uns braços à minha volta. O Pedro.
Tive um pressentimento. O dia ia ser bom!
Trouxe-me um roupão e eu agradeci.
Às 5 da manhã a temperatura está fresca.
Ficámos os dois à conversa à espera do nascer do sol.
Tomámos o pequeno almoço.
Fui ao quarto da Alice e esperei que ela acordasse.
O dia ia ser bom. O pressentimento passou a certeza.
É impossível um dia correr mal, quando assistimos ao nascer do sol duas vezes.
A Alice acordou. E para mim é igual ao nascer do sol.
Um sorriso. Um esfregar de olhos para me ver melhor.
Os braços esticados para eu a tirar da cama.
Aquele momento em que eu acho que me transformo em super mulher.
As compras do supermercado pesam e desfalecem-me. Os 13 kg da Alice pesam mas a maioria das vezes nem noto.
- Alice, Alice. Quem é a miúda mais gira do mundo??
Perguntei eu enquanto a miúda voava nos meus braços.
- Uaaaaana. Uaaana.
Respondeu ela. Porque o meu nome é o único que consegue dizer.
- Não! És tu!! Tu és a miúda mais gira do mundo!
Apareceu o Pedro. E eu disse-lhe com toda a certeza do mundo.
- Hoje vai ser um bom dia.
O Pedro riu-se. O ter casado com uma mulher deslumbrada diverte-o. Ou então está em negação.
- Vamos ao Guincho!
Disse eu.
O Pedro ficou a arranjar a Alice.
Subiu com ela para lhe dar o pequeno almoço.
Eu fiquei a tratar de tudo o resto.
Umas águas. Três sanduíches de alface, tomate, cogumelos e queijo de cabra.
Fruta. Ameixas. Pêssegos. Uvas.
Uma toalha de praia grande.
Tudo dentro de uma mochila. O carrinho da Alice. E a Minnie. Ou a Alice fazia como o Vasco.
- É sábado, minha gente. Deixem-me dormir....
Não levámos carro. O carro nem sempre nos dá a liberdade que precisamos.
Muitas vezes é um ditador.
Fomos de comboio. Estação de Carcavelos.
Saímos em Cascais.
Grandes malucos. De Cascais. A pé. Até ao Guincho.
Foi maravilhoso.
Demorámos montes de tempo a chegar.
Parámos muitas vezes.
Tirámos fotos a três. Sem qualquer preocupação se as fotos ficavam bem ou mal.
Viver....foi o que tínhamos decidido fazer...
A Alice quis sair do carrinho e começar a andar.
Anda muito devagar mas tínhamos todo o tempo do mundo.
Conhecemos uns alemães que adoraram a Alice. Ela riu-se e atirou-lhe beijinhos.
Conhecemos uns dinamarqueses que nos perguntaram de que país éramos. Ser turista na própria terra dá nisto.
Conhecemos uns ingleses que chatearam tanto a Alice que ela acenou-lhes de forma seca e desprezou-os um bocado.
A inglesa virou-se para o marido e disse.
- She's just like the queen!
Ao que parece tanto a Alice como a rainha têm uma forma muito idêntica na arte acenar.
Parámos a meio para comer uma fruta.
E com as energias repostas andámos mais um pouco. Sempre, sempre junto ao mar....
A Alice adormeceu.
Chegámos ao Guincho. Estendemos a toalha.
A Alice acordou. Brincou na areia.
Fomos com ela até à água mas ela tem um amor ódio pelo mar.
Ora põe o pé. Ora tira o pé. Quando molha os pés fica com ar..
- Ora bolas! Eu não queria molhar os pés...como é que isto aconteceu?
Comemos as nossas sanduíches. Tão bem que nos souberam.
A Alice comeu dois terços da sanduíche. Ainda não tem estômago suficiente para mais...
Ficámos mais um pouco. A conversar. A desfrutar de nós.
Voltámos a Cascais de autocarro.
Em vez de apanhar o comboio logo ali, apanhámos o paredão a jeito.
Apanhámos o comboio em São Pedro.
Chegámos a casa com vontade de repetir este dia muitas vezes.
O melhor das nossas vidas.
É o tempo que passamos juntos.
O dia está quase a acabar.
Falta o quase......
...
Há dois anos no Quiosque!
Post 1: o dia em que comecei a fazer origami.
Foi graças ao Sapo que me iniciei nesta arte!
Cada destaque que tinha fazia um sapo em origami.
Hoje em dia faço origamis com frequência porque a Alice adora brincar com eles.
Não sou nenhuma especialista, nem nunca serei. Ganhei o gosto, só isso!
Post 2: Um prato pintado por mim.
De todos os que já pintei este é o meu preferido.
Adoro as cores.
Há um ano no Quiosque!
No ano passado andava eu numa indecisão total. Fico em Oslo, volto a Portugal.
Se voltar a Portugal provavelmente fico sem emprego.
Se calhar é melhor ficar em Oslo.
Ou vou para Londres?
Todos os dias era isto a minha vida....
Há um ano quando escrevi este post...tinha a certeza absoluta que iria ficar em Oslo!
Provavelmente no dia seguinte já achava que não..
Estranho pensar: não existia a Alice na minha vida, não existia o Pedro, não existia a Mariana.
O sol não nascia duas vezes no mesmo dia.
Parece que foi numa outra vida....