real life
Real life. É a tag que mais uso no meu blog.
Desde os primeiros dias de blog.
Porque o mote deste blog é mesmo a vida, tal como ela é.
A minha. Exatamente como é. Sem tirar nem pôr.
Esta tag. Nunca fez tanto sentido como ontem.
Despedi-me do Pedro de manhã.
Ia almoçar a casa dos meus pais. E ele à casa dos pais dele.
Disse-me que depois de almoço queria fazer umas compras. Passar pelo hospital.
Depois disso. #rumoaCascais
A Alice tinha sido acordada, com o barulho do Vasco, de manhã.
Nunca consegui que dormisse à tarde.
Sentei-a na cadeirinha da cozinha.
E enquanto lhe falava, ia adiantando o jantar.
Tinha uma massa feita da semana passada. Era só cozer.
Cogumelos e frango.
E tinha uma lasanha. Feita.
A meio da tarde recebi uma mensagem do Pedro a dizer que estava no hospital e ainda ia demorar.
Chegava lá para as 18h.
Tinha a lasanha pronta. Só precisava de 20 minutos de forno. Coloquei a lasanha no forno do fogão. Desligado. A aguardar pelas 17h30. Assim, quando o Pedro chegasse podíamos ir comendo.
Amassei pão. Coloquei-o dentro do forno elétrico para levedar.
Pelas 17h. A Alice estava completamente intragável.
Só o Vasco lhe tirava um sorriso.
Tentei dar-lhe sopa. Não quis. Na Alice é estranho. Come muito bem. Mas o sono tem destas coisas.
Comecei a dar-lhe bocadinhos de fruta. Que adora.
Eram 17h30, com a Alice ao colo, liguei o forno do fogão.
E. Usei a minha joaninha. O meu temporizador maravilha. Que nunca me deixa ficar mal.
20 minutos. E a lasanha. Ia ficar uma maravilha.
Voltei para a sala com a Alice. E com a fruta. E com o Vasco atrás.
A Alice completamente imprópria.
Dei-lhe fruta. Atirou a fruta ao Vasco. O Vasco aproveitou. Claro!
A Alice chorava. E quando via o Vasco sorria. E chorava outra vez.
Dei-lhe beijinhos. Tentei acalma-la.
E nisto. O Vasco. Largou a correr e foi para a varanda.
Estranhei.
Pensei que a Alice. E a sua fralda...mas não.
Logo a seguir. Percebi. Porque raio é que quis respirar ar puro.
Fumo. Vindo da cozinha.
A minha joaninha falhou. A lasanha estava queimada.
A Alice. Imprópria. E sem o Vasco. Parecia o fim do mundo.
A Alice chorava, muito. E o Vasco na varanda.
- Lá, lá,lálá...quem não apanha fumo sou eu...
A campainha tocou. Era o Pedro.
Podia dizer-vos que lhe abri a porta de forma sexy envolta numa nuvem de fumo.
E é verdade. A parte do fumo. Só a parte do fumo.
A forma sexy fica para outra altura.
Nos meus braços estava a Alice. Possuída de sono. Num berreiro épico.
Disse-lhe para entrar. Dentro do Apocalipse.
Expliquei-lhe que o jantar estava queimado.
Que o cão tinha desertado para a varanda.
E eu precisava de ir adormecer a Alice.
O Pedro ainda tentou fazer uma festinha à Alice. Que ainda chorou mais alto.
- Vai lá. Não te preocupes, nem tenho fome.
Fui com a Alice para o quarto.
Embalei-a.
Li-lhe uma história.
Dei-lhe beijinhos.
Sem pressas.
Eram umas 19h quando voltei a ver o Pedro.
Enquanto estive com a Alice.
Pedro. Esse grande querido.
Tirou a loiça da máquina.
Resgatou a lasanha queimada.
Deitou a lasanha fora.
Lavou o pirex.
Fez ovos mexidos.
Juntou-lhe espinafres e cenouras que eu tinha no frigorífico.
Jantámos. Num clima enevoado. E romântico. Provocado pelo meu desastre culinário.
O Vasco. Na varanda.
Vimos o jogo do Sporting.
Ainda tentámos ver netflix.
Mas desistimos porque temos muita coisa a dizer um ao outro.
Finalmente consegui dormir como deve ser. Porque tive toda a minha gente no mesmo tecto.
Hoje de manhã fui acordada pelo Vasco. Que ignorou por completo o Pedro.
Quando cheguei à cozinha.
Percebi que me tinha esquecido do pão.
Tenho agora uma nhanha fermentada que não sei se vou conseguir aproveitar....
Fiz panquecas de banana, cacau, farinha de amêndoa e calda de chocolate para o pequeno almoço.
A Alice acordou. E foi Pedro que a trouxe para se juntar a nós.
Bem disposta. Já atirou beijinhos a todos.
O Vasco continua na varanda. Nem por nada entra na cozinha.
Toda a gente tem uma cruz na sua vida. E a do Vasco é o seu olfato.
Já lhe tive de dar banho porque pelos vistos o pêlo dele cheirava a lasanha carbonizada.
E isso parecendo que não é incomodativo. Quando o encontrei dentro da banheira. Percebi.
Foi um dia. Comum.
Uma cena do nosso quotidiano.
Muitas se seguirão. Mais jantares falecerão. Muitas birras a Alice terá.
Faz parte. De ser família.
É assim a vida. Tal como ela é.
A realidade em todo o seu esplendor.
Com a certeza. Aconteça o que acontecer.
Enquanto estivermos todos juntos. As noites de sono vão ser tranquilas.