sou o que sinto. Sinto muito.
Maria nasceu em 1919.
No Alentejo.
A mãe morreu no parto.
Sem mãe. Foi criada pelo pai e pelo irmão mais velho.
Não foi à escola. Começou a trabalhar aos 6 anos, em casa de uns senhores.
Em casa ou no campo. Maria era mão-de-obra barata. Quase grátis.
Joaquim nasceu em 1912.
Em Lisboa.
Joaquim estudou em Portugal e mais tarde em França.
Regressou a Portugal com 24 anos.
E passou uma temporada no Alentejo.
Nas terras que eram dos seus pais. E que mais tarde herdou.
Nas terras onde Maria trabalhava de sol a sol.
Há muito tempo atrás.
Não havia contos de fadas. A vida era dura. Para muitos. Para a maioria.
Maria apaixonou-se por Joaquim. E, Joaquim por Maria.
Foi o Alentejo que os uniu. E o olhar mais bonito do mundo. O mais doce. E intemporal.
Foi aqui. Neste local. Que casaram.
Em 1936. Num dia de Natal. Frio. Muito frio.
O coração quente para sempre.
Foram felizes. Muito felizes.
Para mim é um local sagrado.
O meu lugar preferido.
Onde, sou o que sinto. Muito.
Na foto, a igreja de Nossa Senhora do Cabo Espichel.
Retirada do instagram do fotógrafo João Farinha.