Urgente. Comprar um detetor de incêndio...
Mudei.
Desde que me apaixonei pelo Pedro.
Se neste dia deixei queimar a lasanha. E podíamos qualificar tal, como um acidente. Coisas que acontecem.
Se vos disser que desde esse dia já aconteceu mais 3 vezes.
Ainda hoje deixei queimar a quinoa que tinha para o jantar.
Ando distraída. Desconcentrada. E no mundo da lua.
Não é só na comida que eu tenho feito estragos.
Já queimei uma toalha de mesa que estava a passar a ferro.
Porque a meio da tarefa. Fui buscar o telemóvel. E pus-me a ver a primeira foto que tirámos juntos.
E depois as fotos de Dublin. E do Alentejo.
E depois fumo. E não era fumo branco.
Cheiro a queimado. E pumba. A toalha estava queimada....
Ainda hoje de manhã. Num skype com o chefe do chefe do meu chefe.
Ele comentou.
- Estás a rir.... Estás com uma cara tão bem disposta.
Caí em mim. Não estava a ouvir nada do que o senhor me estava a dizer.
Nada. Nadica. De nada.
O homem a falar. A falar. A falar. E eu feita tonta a rir-me do que o Pedro me tinha dito de manhã quando saiu para o trabalho.
O sorriso parvo. Dura o dia todo.
Estou desconfiada que mesmo a dormir devo estar a sorrir.
Podem dizer os maiores impropérios de sempre.
Eu continuo a sorrir. E a ver o mundo cor de rosa.
Hoje almocei com umas amigas. E quando reparei.
Estava completamente a leste da conversa.
A conversa tomou um rumo inesperado.
Um assunto chato. Relacionado com o trabalho de uma outra amiga.
E eu....
....sorria. A pensar no homem.
Dou por mim. A olhar para o homem.
Gosto de o ver com a Alice.
Gosto de o ver comer.
Gosto de olhar para ele quando ele não sabe que estou a olhar para ele.
E gosto de olhar outra vez. E perceber a sorte que tive de um dia o ter encontrado.
Gosto de ficar à janela a vê-lo passear o Vasco.
Gosto de o ver dormir.
De noite.
Acordo e certifico-me se está a respirar.
É uma pessoa muito tranquila. E só estou verdadeiramente bem se ele estiver no mesmo tecto que eu.
Quando ele faz noite. É um verdadeiro suplicio para mim. Pensar.
No homem. Sozinho. Rodeado de rins por todos os lados. Ó vida!
Coro. Como nunca corei na minha vida.
E toda a gente sabe. Uma sportinguista não cora. Ou não deve. Ter a cara com as cores da concorrência não é bonito.
Eu coro. Como gente grande. Ou gente miúda.
Coro. À grande.
Quando ele olha para mim. Coro. Como um pimento vermelho. Maduro.
Quando ele me elogia. Coro. Tenho a sensação que a minha cara vai incendiar a qualquer momento.
Quando ele sorri. Consigo sentir uma verdadeira tempestade. A aproximar-se.
Raios e coriscos. Me valham....
A Galp e a BP estão já a entrar em ação. Um dia destes vai sair uma circular que me vai impedir de frequentar bombas de gasolina. O risco de incêndio é grande. E uma realidade.
E as pernas bambas. Tipo gelatina. Já alguém sentiu??
Ou comecei a ter osteoporose precoce.
Da perna partida não pode ser. Porque acontece nas duas.
É do Pedro. E da presença dele.
Tem a mania de me dar mão. Ou de pôr o braço à minha volta.
E isso dá cabo da minha estabilidade psicomotora.
A respiração ofegante.
Estou desconfiada que não é asma.
É Pedro.
Mal o homem se chega perto de mim e a taquicardia começa.
E não só.
A respiração fica muito mais acelerada.
Só me recordo de uma situação pior que esta.
Tinha 7 anos.
Tive um principio de pneumonia e tinha tanta falta de ar.
O meu pai embrulhou-me num cobertor e levou-me à pressa para o hospital.
Não sendo igual. É semelhante.
Também agora apanhei um vírus.
Que tomou conta de mim. E me apanhou de surpresa.
A diferença é que não me quero ver livre dele.
Se não me quero ver livre dele.
Vou continuar a incendiar toalhas de mesa. Lasanhas. E quinoa.
E a corar.
Risco de incêndio elevadíssimo. Tal e qual as acendalhas no verão.
Devia.
Pensar.
Seriamente.
Em adquirir. Com urgência.
Um detector de incêndio aqui para casa.